A pequena Jasmim
Era uma vez
uma flor. Jasmim era o seu nome. Destacava-se pela sua cândida brancura no meio daquele aglomerado de pétalas verde-escuras
e ramos secos. Exalava um perfume adocicado, próprio das gardénias e espalhava ao seu redor a sua contagiante fragrância.
Alegre
e sonhadora crescia com a fragilidade própria da sua pequenez, sonhando crescer, e crescer tanto que envolvesse e tocasse
o bosque inteiro com o seu suave perfume. Queria fazer as pessoas e os animais mais felizes com o seu maravilhoso odor.
Certo
dia, enquanto passeava uma menina muito alta e de cabelo curto viu a pequena Jasmim sobressaindo como um farol reluzente,
naquele monótono mar esverdeado de folhas e arbustos. Incomodada com tal protagonismo, a menina alta de cabelo curto levantou
bruscamente o seu pé e com a sola do sapato brilhante esmagou a pequena flor.
Jasmim ainda tentou gritar. Mas foi em vão. A
menina alta de cabelo curto já a tinha desfeito. Chorosa e espalhada na terra, a pequena Jasmim pensou que o seu sonho
estava arruinado. Agora já não podia perfumar o bosque. Em breve secaria e morreria sozinha.
De repente, ouviu um barulho. Era
o senhor Vento. Conhecia bem a sua voz por causa das longas conversas que tinham juntos, nas noites quentes de verão. Ele,
quando viu a pequena Jasmim amachucada e ferida no chão, aproximou-se. - Que te fizeram linda Jasmim? – Perguntou
o Vento, enxugando uma lágrima da flor. Ela lá lhe contou como a menina malvada, alta e de cabelo curto a tinha esmagado
e destruído o seu sonho.
O senhor Ventou pensou, pensou, pensou e teve uma ideia.
- Pequena Jasmim – disse
ele – não tenho poder para te plantar na terra para cresceres e realizares o teu sonho, mas uma coisa posso fazer-te. -
Diz, diz depressa senhor Vento. - Posso soprar e soprar tanto, que as tuas lindas pétalas se espalhem pelo bosque inteiro,
e pelo menos neste dia, tu vais realizar o teu sonho.
E assim foi.
O senhor Vento soprou com tanta, tanta, tanta
força que a pequena Jasmim voou pelo bosque adentro. Enquanto voava, as suas pétalas perfumaram as árvores, os esquilos, os
cogumelos e os rios. Tocaram também os espinhos, os veados, as pedras e as pessoas.
Enquanto a pequena Jasmim voava,
sorria feliz. O sonho afinal de contas tinha-se realizado mais cedo do que ela esperava. Agora ela podia espalhar e exalar
o doce perfume do seu sonho.
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